
Por mais de uma ocasião o senhor se viu em dificuldades por ter escorregado em frases que tiveram repercussão muito negativa. Como lida com a fama de falar demais?

O Lula pra mim não é um mito distante, é um amigo de 35 anos. Ver o que acontece com ele me constrange, me dói o coração

O Lula pra mim não é um mito distante, uma figura política complexa, que alguns amam de paixão outros odeiam. O Lula é um velho amigo de 35 anos e ver o que acontece com ele me constrange, me dói o coração. O que eu quero dizer é que independente da questão política, os ódios e paixões que isso desperte eu não acho nem remotamente bom para o país, embora a lei seja para todos, a prisão dele. O resto é política. E na política você tem hoje uma certa conciliação entre improváveis arquinimigos que nesse tema se juntam. para produzir uma intriga. Estou falando de uma certa direita do país que tem verdadeiro pavor da gente se unir e eu sair de um certo isolamento organizacional e ter estrutura para pôr em prática algumas concepções que eu tenho. E essa elite prefere o capiroto do que eu. E uma certa burocracia do PT entra nesssa, porque precisa desesperadamente passar pra sociedade brasileira que é Lula ou nada. na crença de que o Lula amanhã, vitimizado, aponte um deles, que seja capaz de replicar esse imenso patrimônio merecidamente ainda mantido pelo Lula.
O senhor então quer dizer que é a própria direção do PT que insufla esse afastamento? Uma espécie de fogo amigo?
O PT tem o direto de fazer isso. Não vejo problema nenhum. O que substitui a intriga é a história. Faz simplesmente 16 anos sem descontinuar nenhum, que eu ajudo o Lula. Unilateralmente, sem nunca pedir nada. O Lula vai lá fazer campanha contra mim no Ceará e eu, porque penso no Brasil, há 16 anos ajudo o Lula. Isso é um fato que ninguém tira, é história. Os bolsominions me agridem violentamente por isso.
Que política de alianças o senhor pretende implementar em sua campanha?

OK, mas quais partidos fariam parte dessa aliança?
Aí você tem um problema de classificação, que depende do momento. Porque aliança comigo não será pelos meus belos olhos, nem pela grana que eu tenho ou a disparada preferência nas pesquisas (rs). Mas pela possibilidade de um projeto que já está se revelando muito interessante para alguns setores relevantes da opinião pública. E esse projeto precisa de suporte social e politico. E ainda que haja uma malversação muito grande desses adjetivos, que se corromperam também, posso dizer que o arco de forças que eu quero suportar é uma aliança de centro-esquerda.
Fala-se que o senhor pratica um discurso muito sofisticado, de difícil entendimento pelo brasileiro médio. Como encontrar um caminho do meio entre esses dois pólos?
Estou circulando muito. Praticamente não durmo dois dias no mesmo lugar. Já dei entrevistas para jornais no Japão, na Alemanha. Há uma curiosidade internacional, por que estou tocando nos pontos corretos, sensíveis, que o mundo que não é vulnerável à lavagem cerebral da propaganda está percebendo. O mundo quer inovação, está constrangido por falta de alternativas. E é justamente sobre isso que eu venho falando há décadas no Brasil e as pessoas não queriam ouvir. Agora estão sentindo a necessidade de prestar atenção.
O senhor já tem um nome ou um perfil de quem seria o vice ideal em sua chapa?
Eu gostaria de recrutar um homem da produção. Um empresário que fosse capaz de aperfeiçoar, no simbólico do desenho da chapa, essa aliança entre capital e o trabalho. Sim, isso lembra muito a aliança do Lula com o José Alencar e o Josué Alencar é um grande nome, filho deste grande brasileiro que foi o José Alencar.
Como o senhor está vendo a situação do Rio de Janeiro?
Por agora, o que posso dizer é que estou no centro dos debates do Rio. Ainda não sei exatamente como, porque as tratativas estão nos bastidores e eu, mesmo estando nesse bastidor, não estou autorizado pelas outras forças a falar. Mas estamos muito preocupados em construir uma saída para o Rio e eu quero uma interlocução com uma elite nova que o Rio pode produzir. Não estou falando em novas pessoas, mas em um novo projeto. E eu quero assumir a tarefa histórica de tirar o Rio de Janeiro dessa situação em que se encontra.
Comentários
Postar um comentário