Foto: Jefferson Peixoto/ Ag. Haack/ Bahia Notícias |
O
poder de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Bahia ficou comprovado já no
primeiro turno. Apesar do governador Rui Costa (PT) arvorar para si o
papel de alavanca de Jerônimo Rodrigues (PT), foi a força do
ex-presidente que quase fez o candidato do grupo vencer no primeiro
turno, como acontecera em 2006 e 2014. Lula é um monstro eleitoral, por
sua história, pela forma como que se comunica com o eleitor e pelo jeito
como se consolidou como o maior líder popular do Brasil recente.
Bolsonaro até tenta reivindicar para si esse título - inclusive em caso
de vitória no próximo dia 30 -, mas está longe de ter o carisma e
relação empática com as classes menos abastadas do país. Por isso,
qualquer comparação com o poder de Lula é uma supervalorização do ego de
quem tenta fazê-lo.
Pois
bem. Não dá para remar contra a maré vermelha na Bahia, proporcionada
especialmente por Lula. Isso inclui as estratégias discursivas e as
batalhas narrativas vencidas pelo entorno do ex-presidente de 2002 até
agora. Algumas não necessariamente reais, mas bem efetivas para a
construção imagética do eleitor. O argumento do “time de Lula”, por
exemplo, não pegou em Salvador em 2012, mas por pouco não custou o
retorno do grupo político de ACM Neto ao protagonismo político na
capital baiana. No entanto, os adversários não conseguiram, até aqui,
convencer o restante dos baianos sobre essa não necessidade de
alinhamento entre o candidato a presidente e a governador. Aí mora o
principal desafio da oposição na Bahia.
Diante
da força de Lula e do uso da máquina pública estadual - que,
convenhamos, acontece em todas as instâncias de poder -, ACM Neto não
tem alternativa a não ser manter o discurso de neutralidade e não
alinhamento automático com o bolsonarismo. Ainda que o ex-prefeito seja
de direita, ele não incorporou elementos que o empurrem para a
extrema-direita, onde reside o arsenal político do presidente. Em um
estado em que a imensa maioria da população enxerga avanços nas
políticas desenvolvidas pela centro-esquerda no poder, pender para o
lado oposto traria um custo eleitoral difícil de mensurar, mas que
necessariamente seria negativo. Sim, trato os governos petistas como
centro-esquerda, dadas as formas como são conduzidas a área econômica e
as relações com a segurança pública, por exemplo.
É
claro que, na reta final de uma campanha tensa, tudo é possível.
Entretanto, eu não apostaria em uma adesão pública de ACM Neto a
Bolsonaro. A estupidez desse projeto geraria o tal suicídio citado no
começo do artigo. Burro, ACM Neto não é. Então, tentar se equilibrar
entre as pressões permanecerá como um desafio extra para o ex-prefeito
até domingo.
Fonte: Bahia Notícias
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