Foto: reprodução redes sociais -
A
Polícia Federal no Amazonas apontaram o mandante para os assassinatos
do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, em 5 de junho
de 2022. Segundo o ex-superintendente da PF Eduardo Fontes, que esteve
no cargo durante a maior parte das investigações, o caso está 90%
concluído e há “indícios veementes” de que Ruben Dario da Silva Villar, o
Colômbia, é o mandante dos crimes, que já havia sido preso e liberado
por falsidade ideológica. Villar é suspeito de liderar uma organização
criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, na
fronteira do Brasil com Peru e Colômbia. Bruno e Dom foram mortos
quando navegavam pelo rio Itaquaí, na parte de fora da terra indígena.
“Nunca
descartamos nenhuma linha investigativa, e toda estratégia se revelou
exitosa. Não tenho dúvidas, nós temos um mandante. Indícios veementes
apontam para Colômbia como mandante”, afirmou o delegado. A PF deu
detalhes ainda de desdobramentos das investigações. Os executores foram
Amarildo Oliveira, o Pelado; seu irmão Oseney de Oliveira, o Dos Santos;
e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, conforme denúncia do MPF
(Ministério Público Federal).
Ainda
segundo a PF em informações à Folha de São Paulo, uma quarta pessoa foi
indiciada sob suspeita de participação no duplo homicídio: Edvaldo da
Costa Oliveira é apontada como o responsável por entregar a espingarda
de calibre 16 nas mãos de Jefferson, conforme a PF. A arma foi a usada
nos assassinatos, e Edvaldo tinha conhecimento do que ocorreria, segundo
a polícia.
Os
investigadores também adicionaram um crime sob investigação, de
corrupção de menores, por ter havido participação de um sobrinho de
Amarildo na ocultação dos cadáveres, afirmou a PF.
Entre
os indícios citados por Fontes contra Colômbia estão o fornecimento de
munições para Amarildo e Jefferson, as mesmas utilizadas nos
assassinatos, conforme o delegado.
Outras
provas citadas são o fornecimento de embarcação para pesca ilegal,
pagamento inicial a um advogado de defesa de Amarildo e ligação na
véspera do crime a um dos suspeitos, além de tentativas de ligações nos
dias seguintes. A polícia não tem o conteúdo dessas chamadas, mas os
detalhes das circunstâncias em que foram feitas por Villar, segundo o
delegado que chefiou a PF no Amazonas.
Ainda
não houve conclusão de relatório ou indiciamento de Villar. “Como
primamos pela qualidade da prova, ainda serão feitas análises
telemáticas, com base nas quebras de sigilos. Isso só vai reforçar as
provas dessa autoria intelectual”, disse Fontes.
A
PF pediu que ele seja transferido a uma penitenciária de segurança
máxima, a exemplo do que ocorreu com Amarildo, Oseney e Jefferson –o
primeiro está no presídio de Catanduvas (PR), e os demais, em Campo
Grande (MS).
O
inquérito aberto para investigar a organização criminosa armada de
pesca ilegal no Vale do Javari também teve relatórios conclusivos, com
apontamento de culpa para dez pessoas, conforme a PF. Entre os
investigados estão Amarildo e familiares e Villar, apontado como suposto
chefe da organização.
O
processo tramita na Vara Federal de Tabatinga (AM), que fica na região
da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru. A cidade é a
segunda mais próxima de Atalaia do Norte (AM), município vizinho da
terra indígena Vale do Javari e destino de Bruno e Dom quando retornavam
pelo rio.
As
audiências de instrução na Justiça Federal no Amazonas estavam
previstas para ocorrer nesta semana, mas foram adiadas para março. Nelas
serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa do caso. A mudança
atrasa o desfecho do processo na primeira instância.
Como
apontou a Justiça Federal, as razões para o adiamento foram uma falha
de comunicação da própria Justiça e uma indisponibilidade de salas para
que os réus acompanhassem as audiências, que serão feitas por
videoconferência.
Fonte: Bahia. Ba
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