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Bolsonaro faz pronunciamento com distorções e recua negacionismo

No dia em que o Brasil registrou mais 3.158 mortes pelo coronavírus, Jair Bolsonaro fez pronunciamento em cadeia de rádio e televisão afirmando que o governo nunca foi contra a vacinação e prometendo que não faltarão doses para imunizar toda a população.

A fala do presidente, repleta de distorções, marca um claro recuo no seu tom negacionista e foi provocada pelo desgaste político causado pelo aumento no número de casos e mortes causadas pela doença.

“Quero destacar que hoje somos o quinto pais que mais vacinou no mundo”, disse o presidente, usando um dado que representa apenas o número absoluto de vacinas aplicadas e não o proporcional em relação ao tamanho da população. Durante o pronunciamento, Bolsonaro foi alvo de panelaços.

O presidente ainda usou a narrativa de que seu governo tomou ações para garantir vacinas “logo no início da pandemia”. Durante meses, Bolsonaro duvidou da eficácia das vacinas e chegou a barrar a decisão de comprar a Coronavac, mesmo depois que o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, decidira adquirir a vacina.

No discurso, que foi redigido com o auxílio do ministro das Comunicações, Fábio Farias, e com o chefe da Secom, almirante Flávio Rocha, Bolsonaro assume a promessa de que as vacinas serão garantidas a todos os brasileiros.

“Quero tranquilizar o povo brasileiro, e afirmar que as vacinas estão garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população”, prometeu. “Muito em breve, retomaremos nossa vida normal”, disse.

No fim de sua fala, o presidente se solidarizou “com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias”. “Que Deus conforte seus corações. Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros”.

Para tentar acentuar essa mudança de comportamento, Bolsonaro fechou o pronunciamento de pouco mais de três minutos dizendo “Somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la”.

A mudança adotada por Bolsonaro é estratégica para reduzir os danos políticos a sua imagem. Ela acontece na véspera do seu encontro com representantes dos outros Poderes, que cobram uma ação mais organizada do governo no combate à pandemia. Na hora da fala do presidente, panelaços aconteceram em algumas das principais cidades do País, como São Paulo, Rio e Brasília.

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