A falta de sono pode contribuir diretamente para o aumento da pressão arterial. “Quanto mais aprendemos e investigamos sobre o papel que o sono desempenha na saúde cardiovascular da população em geral, mais claro fica que os altos níveis de privados de sono e os números de hipertensos não são acidentais”, conta Gleison Guimarães, médico especialista em pneumologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Isso
ocorreu porque a pressão arterial diminui naturalmente quando uma pessoa
dorme (chamado de descenso noturno da pressão arterial), o que faz com
que as noites bem dormidas sejam cruciais para um coração saudável.
A
recomendação médica é que um adulto precisa ter entre sete e nove horas
de sono por noite, mas o que ocorre é que as pessoas têm dificuldade de
manter esse hábito como uma rotina. Usando os Estados Unidos como
exemplo, mais de 70 milhões de habitantes são privados de dormir por
alguma razão. O que leva a um segundo dado bastante alto: 75 milhões de
norte-americanos desenvolvem hipertensão.
Quando
essa perspectiva cresce para as estatísticas globais, 1,28 bilhão de
pessoas em todo o mundo, entre 30 e 79 anos, têm esse problema de saúde,
sendo que mais de 700 milhões não recebem qualquer tipo de tratamento,
de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Problemas metabólicos, cardiovasculares e mentais
“O tempo
total curto de sono menor que 6 horas é um forte determinante de saúde
que se correlaciona com problemas metabólicos, cardiovasculares e
mentais, bem como acidentes. Mesmo por períodos pequenos de tempo, pode
levar a um comprometimento da regulação do humor, com uma maior
tendência a sentimentos negativos e redução de emoções positivas,
afetando as conexões sociais no trabalho, na família e com os amigos,
inclusive prejudicando a capacidade de lidar com o estresse e
desqualificando as tomadas de decisão”, acrescenta o doutor Gleison
Guimarães.
A
Associação Americana do Coração (American Heart Association – AHA)
reconheceu há pouco tempo a importância do sono saudável, adicionando o
hábito a uma lista de controle chamada Life’s Essential 8, que traz oito
pontos essenciais para se ter saúde. Além da falta de sono, outros
fatores de risco para o aumento da pressão arterial incluem idade, tipo
de dieta, prática de exercícios físicos, uso ou não de tabaco e o
histórico familiar.
Sono e resposta de vacina
“Para se
ter uma ideia da importância de boas noites de sono, no caso de pessoas
com o sistema imunológico comprometido ou ausente, estender a duração
do sono durante a noite após uma vacinação poderia não apenas ajudar a
garantir uma resposta mais adequada à vacina, como contribuir para
reduzir a incidência de doenças graves”, exemplifica o pneumologista.
Enquanto
uma pessoa dorme, há uma queda de cerca de 10% da pressão sanguínea, o
que pode estar relacionado ao ritmo circadiano interno, ou seja, a
variação das funções biológicas que um indivíduo passa durante o período
de 24 horas. De qualquer maneira, o impacto da falta de sono vai variar
de acordo com o paciente e inclui outros elementos de análise.
Diferentes
questões de saúde, como insônia e apneia, podem piorar a hipertensão e,
nesses casos, não se trata apenas de um hábito, mas sim de um aspecto
que merece atenção de um especialista e tratamento indicado.
Foto: Sam Williams/Pixabay
Por Estado de Minas
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