
As investigações do MPF indicam que as empresas Serviços de Transporte,
Locação e Construções (STLC), representada por Isaac França, e Prestação
de Serviços, Transporte e Locação (PSTL), representada por Ítalo
Rodrigo, que na época atuava como empresário particular, participaram do
Pregão Presencial nº 029/2013. No entanto, além de terem sede no mesmo
local e possuírem objeto idêntico, os dois empreendimentos eram
controlados pelo prefeito e seu pai, o que se configura como fraude na
licitação.
Segundo o procurador da República Adnilson Gonçalves da Silva, as
empresas não tinham nenhuma capacidade operacional e não dispunham de
pessoal e veículos suficientes para cumprir o objeto das licitações de
que participavam. O órgão aponta também que os réus são responsáveis
pelo superdimensionamento das distâncias das rotas, pagamentos por
serviços não prestados, utilização de veículos e motoristas sem
adequação às normas de trânsito, além de um superfaturamento superior a
30%. Apesar dessa falta de capacidade, a empresa de França firmou
diversos contratos na área de influência do grupos nos municípios de
Serra do Ramalho e Paratinga, tendo recebido mais de R$ 6 milhões.
Empresa "de fachada"
De acordo com o MPF, o prefeito e seu grupo criaram também a Cooperativa
de Transporte do Vale do São Francisco (Cooptvale), em 2012. Assim como
os outros dois empreendimentos, a cooperativa cujo objeto seria o
transporte escolar, transportes em geral, locação de máquinas e coleta
de resíduos, é apenas de fachada, já que parte dos supostos cooperados
nem sequer tinha a habilitação necessária ao transporte escolar
(categoria D) e, por outro lado, havia sócios e empregados das empresas
do gestor.
“As empresas PSTL e STLC, assim como a cooperativa Cooptvale, fazem
parte de um mesmo grupo empresarial, utilizadas para fraudar licitações,
superfaturar contratos e desviar dinheiro público para os sócios, para
agentes públicos e, muito possivelmente, para a campanha eleitoral de
Ítalo Rodrigo nas eleições municipais de 2016, quando se tornou prefeito
de Serra do Ramalho”, explica o procurador. Segundo dados do sistema
SIGA - TCM, foram pagos R$ 1.528.767,56 em 2013, R$ 1.719.208,51 em 2014
e R$ 1.459.686,27 em 2015, somando R$ 4.707.662,34 na licitação
fraudada.
Em 2016, o MPF já havia acionado e obtido o bloqueio de bens no valor de
R$ 2.481.700,00 do ex-prefeito do município Deoclides Magalhães
Rodrigues (2012-2016), das empresas STLC e PSTL, do pregoeiro Emerson
Tiago Barbosa de Albuquerque e da equipe de apoio Francisco Soares de
Sousa Júnior e Fátima Batista Nunes, acusados de praticarem os mesmos
ilícitos. BN
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