O artista plástico Arnaldo Filho, conhecido como "Nadinho", de 61 anos,
morreu após ser baleado dentro de casa, na noite de sábado (21), na
cidade de Candeias, na região metropolitana de Salvador. Nadinho também
era professor de artes plásticas. Ele ensinava arte no ateliê que tinha
em casa.
Segundo os familiares da vítima, policiais militares entraram na casa
dele em busca por um suspeito e já chegaram atirando no homem, que
estaria desarmado. A Polícia Militar alegou que ele portava um revólver e
disparou contra a guarnição, da janela de casa, mas a arma falhou. A
Corregedoria da instituição apura o caso.
Nas redes sociais, vários moradores da cidade manifestaram pesar e
revolta com a morte. A comunidade Nossa Senhora Virgem dos Pobres, da
paróquia da Nossa Senhora das Candeias, e a prefeitura da cidade
divulgaram notas de pesar contra o crime.
"Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ele em
comunidade, que será sempre lembrado pelo profissionalismo, honestidade,
lealdade, inteligência, competência e sensilidade", diz um comunicado
no Facebook.
"Nadinho teve sua vida interrompida de forma brusca, mas sua história
não se apagará. Há pouco tempo, em um bela exposição na praça, retratou
através de suas mãos a história de nossa cidade, como visto neste quadro
abaixo, da estação, e que fazemos questão de homenagear", afirma o
comunicado da prefeitura no perfil oficial também do Facebook, que
postou fotos da exposição do artista.
A sobrinha de Arnaldo, Scheila Alves do Santos da Hora, disse que o tio
estava em casa, desenhando, quando teve a casa invadida por policiais.
"Por volta das 20h de ontem [sábado, 21], teve um arrastão na Rua 13 de
maio e invadiram casas de pessoas para procurar suspeitos. Meu tio é
artista plástico e estava desenhando. Ele estava dentro, com a casa
fechada. Na visão dos policiais, tinha um suspeito dentro da casa. A
polícia já chegou atirando. Meu tio tem 61 anos, não tem nenhuma
passagem pela polícia. É conhecido por toda a cidade e a cidade está
mobilizada com esse fato", lamenta.
Ela afirma que o tio dela não tem arma e que os policiais teriam atirado
mesmo sob protesto dos vizinhos. "Os moradores gritaram dizendo que ele
era um homem de bem e atiraram", diz. Depois de baleado, o artista
plástico chegou a ser levado para uma unidade médica, mas não resistiu
aos ferimentos.
A família tentou registrar a morte por meio de um boletim de ocorrência
na delegacia, mas não conseguiu. O corpo do artista plástico foi levado
para o Departamento de Polícia Técnica de Salvador (DPT), onde passa por
perícia.
Uma missa de corpo presente será realizada às 15h deste domingo no
Santuário de Nossa Senhora das Candeias, em homenagem ao artista. O
enterro dele ocorrerá em seguida, no Cemitério Recanto da Saudade.
Versão da PM
Segundo a Polícia Militar, agentes que fazem parte da Operação Força
Tática receberam um chamado via Centro Integrado de Comunicação (Cicom)
informando que um homem havia invadido uma residência no bairro Santo
Antônio.
Ao chegarem no local, os policiais teriam batido na porta da casa e o
artista plástico apareceu em uma das janelas apontando uma arma de fogo
contra eles. Segundo relato dos próprios policiais, ele teria apertado o
gatilho da arma duas vezes, mas o revólver falhou. Os policiais
atiraram contra ele no braço e no tórax.
Segundo a PM, ele foi imediatamente levado para um posto de saúde, onde
foi constatada a morte. A polícia diz que a arma usada pelo homem, que
teria sido apreendida após a ocorrência, era um revólver calibre 32 com
seis cartuchos.
A Corregedoria da PM esteve no local e instaurou um procedimento
inicial, baseado na versão dos policiais, e já instaurou um Inquérito
Policial Militar para colher outras informações. O prazo para a apuração
do procedimento é de 40 dias, prorrogáveis por mais 20.
G1
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