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Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas |
Na hora do aperto, as contas de energia e água estão sendo deixadas
de lado entre os brasileiros. Segundo dados do SPC Brasil, o calote
nesses débitos subiu 7,6% nos 12 meses encerrados em julho. No mesmo
período, as dívidas bancárias – como cheque especial, empréstimos
pessoais e cartão de crédito – subiram 6,9%. A decisão sobre qual conta
atrasar, segundo o SPC e a Serasa Brasil, está ligada ao fato de que os
juros, nas contas de água e luz, serem bem mais baixos do que os
cobrados em débitos ligados a instituições financeiras. Além dos juros
mais baixos, o reajuste das contas básicas superou – e muito – a
inflação. Enquanto o IPCA, principal índice de inflação, subiu 4,48% nos
12 meses acumulados até julho, a inflação da energia elétrica medida
pelo IBGE subiu 18,02%. Desta forma, o Brasil formou uma legião de
“equilibristas” de contas, de acordo com a economista-chefe do SPC,
Marcela Kawauti “O jeito é manter algumas contas em dia, enquanto o
orçamento está apertado.” É justamente isso o que tem feito a viúva Rita
A., de 52 anos, que pediu para ter a identidade preservada. Em alguns
meses, a conta de luz é a eleita para ser paga depois; em outros, os
boletos do condomínio ou do telefone ficam na gaveta. A situação ficou
mais complicada há poucos meses, quando uma carta de cobrança chegou com
a informação de que ela devia cerca de R$ 9 mil do financiamento de seu
apartamento. “Meu filho estava na faculdade e precisou sair do trabalho
para poder estagiar, então deixei de pagar as parcelas do imóvel e só
voltei a pagar quando ele já estava formado e trabalhando. Agora, tenho
tentado pagar uma das parcelas atrasadas e uma das atuais por mês.”
Causa
– Para Gireffe Contini, gerente do Serasa Consumidor, o desemprego é a
principal variável que eleva o total de inadimplentes no País. A taxa de
desemprego no segundo trimestre ficou em 12,4%, segundo o IBGE. No fim
do primeiro trimestre, um trabalhador da Grande São Paulo levava quase
um ano procurando emprego, em média, aponta a Fundação Seade e o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese). Segundo a economista Juliana Inhasz, do Insper, a
inadimplência acaba se tornando crônica pelos altos juros. Desta forma,
as prestações atrasadas acabam explodindo de valor. (BB)
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