A
TV Bandeirantes, em parceria com UOL, Folha de São Paulo e TV Cultura,
realizou, na noite deste domingo, 28, o primeiro debate entre os
candidatos à Presidência da República do ano. O encontro, com a presença
dos seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de
voto, teve momentos de tensão tanto dentro do estúdio quanto do lado de
fora, com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado
federal André Janones (Avante).
O
presidente Jair Bolsonaro (PL) foi quem mais protagonizou episódios de
confrontos mais diretos, tanto com os adversários, quanto em um
comentário que fez a uma pergunta da jornalista Vera Magalhães.
Na
primeira rodada de perguntas entre os candidatos, Bolsonaro foi o
primeiro a escolher para quem destinaria a sua pergunta. Ele escolheu o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem acusou de ter sido o
responsável pelo "governo mais corrupto da história do Brasil" e citou
números da Operação Lava Jato na Petrobras. “O senhor quer o PT de volta
para quê, para voltar ao que era antes¿”.
“Eu
sabia que essa pergunta viria e tinha que ser ele a perguntar.
Inverdades não valem a pena na eleição. Citar números mentirosos também
não compensa. Não teve nenhum presidente que fez mais investigação pra
apurar corrupção do que nós fizemos. Portal transparência, lei acesso à
informação, lei anticorrupção, lei contra crime organizado. Fizemos o
Coaf funcionar”, rebateu o petista.
Já
a candidata Simone Tebet (MDB) iniciou o debate criticando a atuação de
Bolsonaro com os outro Três Poderes, sobretudo com o Judiciário. Ela
acusou o presidente de ameaçar os valores democráticos e não respeitar
instituições e imprensa.
O
presidente negou que tenha problemas com o Poder Judiciário, mas
afirmou que há ingerência e ativismo judiciário no Brasil. “Eu não tenho
problema com poder nenhum. Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal
que querem a qualquer preço interferir no Poder Executivo”, apontou.
No
início do segundo bloco, Bolsonaro foi escolhido, de acordo com as
regras do debate, para comentar uma resposta de Ciro Gomes sobre a
cobertura vacinal do país. A pergunta foi feita pela jornalista Vera
Magalhães.
"Vera,
não podia esperar outra coisa de você. Eu acho que você dorme pensando
em mim, tem uma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate
como essa, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma
vergonha para o jornalismo brasileiro". Ciro Gomes respondeu Bolsonaro
com o microfone desligado, e ouviu do mandatário: "Não pedi a sua
opinião, já está apelando".
Bolsonaro
também se direcionou a Simone Tebet, a quem chamou de "vergonha para o
Senado Federal" e continuou: "Não vem dizer que estou atacando mulher,
se vitimizando".
Em
outro momento do debate, a senadora Simone Tebet e o presidente
voltaram a trocar farpas. Ela questionou: “por que tanta raiva das
mulheres?". A senadora lembrou casos de misoginia no governo atual e a
atuação de Bolsonaro quando foi parlamentar e votou contra pautas que
representava avanços nos direitos das trabalhadoras mulheres.
Tebet
lembrou ainda da homenagem que Bolsonaro fez ao coronel Carlos Alberto
Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura
militar, como um “herói nacional”.
Bolsonaro
respondeu a senadora argumentando que dizer que ele não gosta de
mulheres "não cola mais". "Chega de vitimismo, somos todos iguais".
"Me
acusa sem prova nenhuma. Falando que eu defendi um estuprador. Qual?
Por que essa forma barata de me acusar como se eu não gostasse de
mulheres, eu fui o governo que mais sancionou leis defendendo mulheres",
apontou o presidente.
Bolsonaro
acusou a senadora de não ter defendido a doutora Nise Yamaguchi durante
o seu depoimento na CPI da Covid, quando foi interpelada pelos
senadores.
Em sua tréplica, Tebet respondeu. "Não podemos ter um presidente que mente".
“Mais
uma vez o candidato fabrica e divulga fake news. Líder da bancada
feminina, nós tínhamos um rodízio, podíamos no início ficar uma única
mulher. Assim que vi a Dra. Nise sendo agredida, e ela foi vítima de
violência política sim, não concordo com as ideias dela, mas ela foi
vítima de violência, liguei para a senadora Leila, que estava no
rodízio, e ela foi lá. E mesmo sendo da oposição do atual presidente,
defendeu a Dra. Nise, exigindo que ela fosse respeitada e pudesse ter
voto”, argumentou.
“Mas
é isso. Vamos parar de briga. Lugar de presidência é lugar de exemplo,
de coisa séria. Não podemos ter um presidente que mente, que cria fake
news, que divide as famílias, que destila ódio. Que agride de forma
desrespeitosa qualquer pessoa que, de alguma forma, lhe aponte a
verdade. Mas vamos fazer diferente. Nosso governo será de amor, de
cuidados verdadeiros. Só assim mudaremos o Brasil de verdade” finalizou
Tebet.
No
último bloco, foi a vez do presidente se desentender com Ciro Gomes. O
ex-governador do Ceará rebateu uma provocação feita pelo presidente
sobre um comentário que fez a respeito da sua esposa há alguns anos.
“Você falou que a missão mais importante da sua esposa era dormir
contigo, pelo amor de Deus, quero que você peça desculpas nisso aí
também”, provocou Bolsonaro.
Ao
comentar a resposta do presidente, Ciro pede perdão por fala machista
contra ex-mulher, citada pelo presidente. “Vinte anos atrás, cometi um
erro ao fazer gracinha com uma mulher maravilhosa. (...). Erro de alguém
criado em um ambiente machista, que reproduz uma cultura machista”,
defendeu.
“Você
corrompeu todas as suas esposas, corrompeu seus filhos, tendo prometido
que combateria a corrupção com Lula”, atacou o político cearense.
Fonte: A Tarde
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