O
observatório Fluminense Covid-19 aponta que o momento é de aumento do
número de casos e mortes ou uma estabilização em patamares muito
elevados no continente
Enquanto
em vários países europeus os gráficos que acompanham a evolução da
pandemia de covid-19 demonstram um controle da doença, ao menos
temporário, na América Latina, um estudo do Observatório Fluminense
Covid-19 (https://www.covid19rj.org) aponta que o momento é de aumento
do número de casos e mortes ou uma estabilização em patamares muito
elevados no continente.
Estão
na cor amarela, que indica “quase lá” no enfrentamento à pandemia,
Chile, Equador e Paraguai para novos casos por semana e apenas o Equador
para o número de mortes. Todos os outros estão no vermelho para as duas
medidas, ou seja, “precisam agir” para controlar a disseminação do novo
coronavírus.
O
Observatório Fluminense Covid-19 é formado por cientistas e estudantes
de sete instituições de ensino e pesquisa, entre elas a Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).
Integrante
do projeto, o professor Americo Cunha, do Instituto de Matemática e
Estatística da Uerj, destaca que o gráfico indica uma tendência da
pandemia e a cor muda de acordo com o desenho formado pela curva
epidemiológica.
“A
gente classifica a situação em vermelho, amarelo ou verde de acordo com
a forma do gráfico. Quando a epidemia passa, a curva segue um esquema:
ela sobe, passa por um platô e depois desce. Não é igual para todos os
países, pode ser mais inclinado para esquerda ou para direita, a subida
mais lenta ou mais rápida. Se você olhar a curva de Cuba, por exemplo,
ela já tem esse formato fechado. Equador está em amarelo porque subiu,
desceu, subiu e está estacionado num patamar ainda relativamente alto”.
O
número de casos por milhão de habitantes varia muito na região, indo de
212 em Cuba e na faixa de 280 no Uruguai e na Venezuela, até 15.800 no
Chile. Panamá e Peru estão na faixa de 9.500 por milhão e o Brasil em 8
mil por milhão.
Em
número de mortes, Venezuela e Paraguai registram três óbitos por
milhão, a Costa Rica tem cinco e Cuba e Uruguai estão com oito mortes
por milhão de habitantes. Na ponta oposta, estão acima de 300 mortes por
milhão o Chile, o Peru e o Brasil. Os dados foram consolidados na
quarta-feira (8).
Cunha
explica que a América Latina tem países de tamanhos muito
diferenciados, portanto é limitado fazer uma análise abrangente do ponto
de vista epidemiológico. De acordo com ele, a métrica global de cada
país deve ser levada em conta como uma média das epidemias internas.
“Cada
país tem mais de uma única epidemia em curso. O Brasil mesmo tem
centenas de epidemias, cada uma com seu curso próprio, algumas onde já
está esgotando, outras ainda acelerando. O mesmo panorama acontece na
América Latina nos diferentes países. Mas em países muito pequenos, na
América Central, no Uruguai, o número global do país é um bom termômetro
da situação local”.
O
último boletim do Centro de Relações Internacionais em Saúde da
Fundação Oswaldo Cruz (Cris-Fiocruz) sobre o Panorama da Resposta Global
à Covid-19 (), divulgado na terça-feira (7), destaca que as Américas
são o atual epicentro da pandemia e concentram mais de metade dos mortos
e dos casos no mundo, liderados, de longe, por Estados Unidos e Brasil,
únicos países que alcançaram a casa do milhão de infectados.
O
planeta passa dos 12 milhões de casos confirmados de covid-19 e dos 556
mil óbitos, com Estados Unidos passando de 3 milhões de casos e de 133
mil mortes. O Brasil tem 1,8 milhões de casos e ultrapassou 70 mil
mortes, o que corresponde a um estádio do Maracanã lotado.
Sobre
América Latina, o boletim alerta que a disseminação da doença continua
intensa na América Central, com uma situação um pouco melhor nas ilhas
do Caribe e destaca que as medidas precoces adotadas no início da
pandemia no continente ajudaram a evitar uma tragédia maior, embora no
momento a pressão pela reabertura esteja grande.
“Manter
essas medidas não tem sido fácil, principalmente devido ao seu impacto
econômico e social. Os governos estão agora sob pressão para diminuir as
restrições por razões econômicas e políticas, mesmo com o aumento da
transmissão. Nesse sentido, a situação na Colômbia é impressionante”,
informa o documento.
Os
dados do Observatório Fluminense indicam que a Colômbia está com uma
curva crescente no número de casos e de mortes por covid-19. No México,
terceiro país com mais mortes no continente americano, o relatório do
Cris-Fiocruz destaca a taxa de mortalidade por covid-19 entre crianças
está três vezes maior do que nos Estados Unidos, enquanto a capital,
Cidade do México, planeja a reabertura.
No
Peru, o bloqueio nacional foi suspenso e a quarentena passa a ser nas
regiões mais afetadas enquanto o Uruguai reabriu as escolas.
A análise do Cris-Fiocruz aponta que o surto nas Américas pode permanecer com picos pelos próximos dois anos.
“Na
ausência de tratamentos eficazes ou de uma vacina amplamente
disponível, espera-se que a região das Américas experimente surtos
recorrentes da covid-19 nos próximos dois anos, que podem ser
intercalados por períodos de transmissão limitada. Nesse sentido, todos
têm que se adaptar ao novo modo de vida e redefinir nosso senso de
normalidade”.
Por Notícias ao Minuto
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