Por vezes o universo é um pouco irônico. Há cerca de seis meses, a
cidade de Jequié, com cerca de 160 mil habitantes, povoou o noticiário
nacional com a distribuição de mochilas gigantes para alunos da educação
básica do município.
Foram inúmeros memes e piadas e até mesmo a prefeitura tirou proveito
das imagens atípicas: crianças pequenas com mochilas pouco apropriadas
para o tamanho delas.
Eis que, na manhã desta terça-feira (5), a educação da Cidade Sol voltou a ser notícia, de uma maneira bem menos engraçada.
Uma ex-vereadora da cidade, suplente na atual legislatura, foi alvo de
medidas cautelares por um prejuízo com funcionários fantasmas nas
escolas da rede municipal de ensino estimado em R$ 1,5 milhão, quando
computados apenas os contratos da empresa Terceira Visão dos anos de
2016 e 2017. A prática revelada pela Operação Melinoe não é nova.
Vereadores indicam funcionários para ocuparem postos dentro do Executivo
e de empresas terceirizadas que prestam serviços à prefeitura, em troca
de apoio para a votação de projetos considerados prioritários pelo
gestor.
No caso de Jequié, segundo a Polícia Federal (PF) e a Controladoria
Geral da União (CGU), o acordo entre a ex-vereadora e a prefeitura
aconteceu ainda na administração de Tânia Britto (PP), que chegou a ser
afastada em mais de uma oportunidade do mandato, mas acabou reintegrada
antes de deixar o cargo – que terminou ocupado pelo vice, Sérgio da
Gameleira (PSB), eleito em 2016. Gameleira, inclusive, não é citado
pelas autoridades policiais na operação deflagrada ontem. Já Tânia
Britto retornou ao noticiário policial. Em um ano em que malas de
dinheiro fizeram sucesso aos olhos dos brasileiros, talvez nem a mochila
gigante dos alunos de Jequié comportaria os recursos movimentados pelo
esquema revelado pela PF e pela CGU. Este trecho integra o comentário
desta quarta-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM. BN
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