Maioria dos líderes tomaram vacinas e compartilharam as imagens (Créditos: Reuters, Governo do Reino Unido, Reprodução) |
O
presidente Jair Bolsonaro embarcou para Nova York no domingo (19), para
participar da 76ª Assembleia Geral da ONU, sem ter tomado qualquer
vacina contra a covid-19. Entre os 19 líderes do G20 (composto pelas 19
principais economias mais a União Europeia) presentes no encontro,
Bolsonaro é o único que declarou que não tomou e não iria tomar a vacina
para ir ao evento anual da Organização das Nações Unidas.
Não
houve divulgação oficial sobre o status vacinal de outros três líderes
que vão representar seus países na assembleia: dois ministros das
Relações Exteriores (da China e da Arábia Saudita) e o primeiro-ministro
da Rússia, Mikhail Mishustin.
No
entanto, tanto o rei da Arábia Saudita, Salman Bin Abdulaziz Al-Saud,
quanto o presidente da Rússia, Vladmir Putin, tomaram suas vacinas. Já a
situação vacinal do presidente da China, Xi Jinping, é um mistério: o
país não divulgou se o presidente se vacinou ou não. Ele não participará
do encontro de forma presencial.
Houve
uma grande discussão sobre se os líderes e suas comitivas diplomáticas
teriam que apresentar seus atestados de vacinação para entrar em Nova
York - a cidade exige comprovação de vacinação para circular em espaços
públicos fechados. Mas a ONU acabou informando às comitivas que haveria
uma exceção diplomática e a entidade não iria cobrar os atestados.
Exemplo para população
Não se vacinar ou mesmo não divulgar o status vacinal de seus líderes é exceção entre as principais economias do mundo.
Na
grande maioria dos países, os líderes não só tomaram alguma das
diversas vacinas contra a covid-19 disponíveis, mas fizeram grande
publicidade de suas vacinações para incentivar a população.
O
presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, por exemplo, tomou a
primeira dose da vacina da AstraZeneca em abril deste ano. É ele quem
vai representar o país na ONU. A primeira-ministra alemã Angela Merkel,
que não estará em Nova York neste ano, também se vacinou publicamente.
Ela tomou a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Moderna.
Apesar
do país ser muito estrito quanto ao direito à privacidade médica, a
divulgação da vacinação dos líderes é considerada um exemplo para a
população.
"E
agora ela talvez tenha afastado o medo das pessoas, que estavam ou
estão preocupadas com essa chamada vacinação cruzada (tomar doses de
vacinas diferentes, como recomendou o Ministério da Saúde do país)",
afirmou na época o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.
O
presidente do Canadá, Justin Trudeau, também tomou a primeira dose da
AstraZeneca e a segunda da Moderna, completando sua imunização em julho.
O país também recomendou que quem recebeu a primeira dose de
AstraZeneca tomasse a segunda dose de outra vacina de RNA - da Pfizer ou
da Moderna.
Já
o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tomou ambas as doses
da vacina da AstraZeneca. Em junho, quando tomou a segunda dose,
publicou uma foto nas suas redes sociais dizendo "segunda dose tomada!
Quando for sua vez, tome a vacina!".
O
presidente dos EUA, Joe Biden, tomou a primeira dose da vacina da
Pfizer ainda em dezembro de 2020, quando já tinha sido eleito mas ainda
não tinha assumido. Sua vacinação foi exibida ao vivo na televisão.
O
presidente da França, Emmanuel Macron, se vacinou em maio de 2021,
mesmo tendo contraído covid-19 em dezembro de 2020 - a vacina gera uma
resposta imunológica melhor do que a resposta imunológica gerada pelo
vírus, além de proteger contra outras variantes. A recomendação da OMS é
que mesmo quem já teve a doença e já se curou tome a vacina.
Os
primeiros-ministros da Itália, Mario Draghi, e do Japão, Suga
Yoshihide, também divulgaram suas próprias vacinações - ou seja, todos
os líderes dos países do g7 (grupo dos países mais industrializados do
mundo) presentes na Assembleia Geral da ONU.
Os
presidentes da Argentina, Alberto Fernandez, e o do México, Andrés
Manuel López Obrador - outros dois países da América Latina no G20, além
do Brasil - também se vacinaram contra covid-19 e divulgaram a
vacinação.
López
Obrador teve uma marcante mudança de postura. No início da pandemia,
ele minimizava o coronavírus e se recusava a usar máscara em público,
assim como Bolsonaro. Depois, desistiu de negar a gravidade da situação.
Quando
tomou a primeira dose da vacina da AstraZeneca, em abril deste ano, já
defendia o distanciamento social e fez publicidade da vacinação para
incentivar os mexicanos. "Não dói e ajuda muito, protege a todos nós",
disse. "Faço um apelo aos idosos para que todos nós nos vacinemos, não
há nenhum risco", afirmou o presidente, de 67 anos.
O
presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, aliado de Bolsonaro e muitas
vezes comparado com ele (pelo jornal New York Times, por exemplo, na
época da Assembleia-Geral da ONU de 2019), teve uma postura diferente do
brasileiro.
Enquanto
Bolsonaro criticou inúmeras vezes a Coronavac, Erdogan tomou duas doses
da vacina criada pela empresa chinesa Sinovac. A segunda dose foi
tomada em janeiro deste ano, quando o país começava uma campanha
nacional de vacinação.
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, também se imunizou com a vacina da Sinovac em janeiro de 2021.
Os
presidentes da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e da África do Sul, Cyril
Ramaphosa, também se vacinaram e divulgaram o ato para incentivar a
população. Os primeiros-ministros da Austrália, Scott Morrison e da
Índia, Narendra Modi, fizeram a mesma coisa.
Fonte: Correio Braziliense
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