Um novo estudo publicado na revista Nature Medicine revelou que a semaglutida, princípio ativo presente em canetas injetáveis usadas no tratamento de obesidade, pode reverter o quadro biológico da MASH — a forma mais grave da gordura no fígado, caracterizada por inflamação e disfunção metabólica.
Os pesquisadores observaram que o tratamento com semaglutida restaurou o padrão de proteínas do fígado de pacientes com MASH, aproximando-o do de pessoas saudáveis. O estudo combinou dados de modelos pré-clínicos e ensaios clínicos, identificando 72 proteínas-chave associadas à melhora da doença. Esses resultados foram confirmados em uma corte independente de pacientes do mundo real, o que aumenta a relevância clínica dos achados.
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“Este estudo é um divisor de águas. Ele nos permite ir além do ‘o quê’ e entender o ‘como’ a semaglutida atua na MASH”, explica a médica Marília Fonseca. “A capacidade de reverter o padrão de proteínas que define a doença sugere um potencial de restauração da saúde metabólica que vai muito além da perda de peso.”
De acordo com a especialista, diretora médica da Novo Nordisk no Brasil, os dados também abrem caminho para o desenvolvimento de novos biomarcadores, que poderão facilitar o diagnóstico e o acompanhamento da doença de forma menos invasiva.
Nos Estados Unidos, a semaglutida (na dose de 2,4 mg, comercializada como Wegovy) já recebeu aprovação da FDA para o tratamento de MASH. No Brasil, o pedido para essa mesma indicação está em análise pela Anvisa.
A pesquisa também apontou que, em modelos pré-clínicos, a molécula reduziu a expressão de genes ligados à inflamação e à fibrose hepática, mostrando que a melhora observada não depende apenas da perda de peso, mas de uma ação direta sobre o fígado.
A gordura no fígado — também chamada de esteatose hepática metabólica — é hoje um dos problemas de saúde mais comuns no mundo, afetando cerca de 30% da população global. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, o índice chega a 20%, e entre pessoas com obesidade, oito em cada dez apresentam algum grau da doença.
A descoberta reforça que o tratamento moderno da obesidade com semaglutida vai além da estética e do emagrecimento — atuando de forma profunda na saúde metabólica e na prevenção de doenças hepáticas e cardiovasculares graves.
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