BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O MEC
(Ministério da Educação) anunciou nesta quarta-feira (8) as datas do
Enem 2020. As provas em papel vão ocorrer nos dias 17 e 24 de janeiro de
2021 e, no computador, em 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021.
O
Enem ocorreria inicialmente em novembro deste ano. O ex-ministro
Abraham Weintraub era contra o adiamento e só mudou de ideia com
iminente derrota sobre o tema no Congresso.
O Senado chegou a aprovar texto exigindo a mudança de data por causa dos reflexos da pandemia de coronavírus.
Weintraub
então insistiu na realização de uma consulta com os inscritos, e
afirmou que o resultado seria respeitado pelo governo. A maioria votou
pela realização da prova em maio, mas, agora já sem ministro, o MEC
ignorou essa posição.
O
resultado da pesquisa foi divulgado após a saída de Weintraub. Técnicos
do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)
informaram à reportagem esta semana que o órgão aguardava o anúncio do
novo ministro para definição das datas.
Mas,
como a escolha do ministro já demora quase um mês (Weintraub foi
demitido dia 18 de junho), o MEC entendeu ser importante não atrasar
ainda mais a definição dessas datas.
O
exame tem 180 questões e é aplicado em dois dias. Esta será a primeira
edição com uma aplicação em computador para parte dos candidatos, em
caráter de teste.
Principal
porta de entrada para o ensino superior público, o Enem recebeu neste
ano 5,8 milhões de inscritos. s resultados também dão acesso a bolsas do
ProUni (Programa Universidade Para Todos) e contratos do Fies
(Financiamento Estudantil).
Para
decidir, o órgão ouviu entidades que representam secretarias de
Educação, o ensino superior público e privado sobre as datas.
Secretários
estaduais de Educação cobravam o MEC pelo adiamento do exame por causa
do fechamento de escolas em decorrência da pandemia de coronavírus. O
Consed, que representa os dirigentes, apoia as novas datas.
O
argumento para não realizar o exame em maio, como queria os estudantes,
é que isso atrasaria muito o calendário das universidades e também dos
programas como ProUni e Fies. O que também teria impacto negativo na
desigualdade.
A
maior preocupação dos estados, que concentram a maioria das matrículas
de ensino médio, é com o impacto que o fechamento de escolas vem
causando para os alunos de escolas públicas, sobretudo os mais pobres.
Em
maio, a Folha de S.Paulo mostrou que 3 em cada 10 concluintes do ensino
médio em escolas públicas no exame de 2018 não tinham acesso à
internet. Na escola privada, 3,7% disseram não ter conexão residencial.
Diante
dos impactos do coronavírus, o CNE (Conselho Nacional de Educação)
aprovou nesta terça-feira (7) um parecer que recomenda às redes de
ensino evitar reprovações de estudantes neste ano.
O
documento ainda precisa ser homologado pelo MEC. Ele sugere que as
redes reorganizem os calendários de 2020 e 2021, considerem atividades
remotas também no próximo ano e façam ajustes nas avaliações.
“O
CNE recomenda fortemente a adoção de medidas que minimizem a evasão e a
retenção escolar neste ano de 2020, reconhecendo, no entanto, que as
decisões acerca dos critérios de promoção são de exclusiva competência
dos sistemas de ensino”, diz o texto.
O
órgão aprovou em abril outro parecer com diretrizes para reorganização
escolar nesse período. O texto ainda sugeria que a definição de
cronogramas de avaliações, como Enem, considerasse a interrupção de
aulas.
O
MEC homologou esse parecer, mas impôs uma exceção exatamente no trecho
que falava das avaliações. O objetivo do governo foi deixar em aberto a
possibilidade de fazer a prova ainda neste ano.
Por Folhapress
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