De fato, 2013 foi inexcedível na capacidade de nos
surpreender. Sua vocação apocalíptica exibiu-se em fenômenos climáticos,
imensas tragédias e abruptos falecimentos. Também na política o ano se
revelou um vulcão de surpresas que pareciam surgidas do éter. Sem que se
soubesse como ou por quê.
Foi
assim, por exemplo, que o povo saiu às ruas. Não era carnaval, não
havia trio elétrico, a seleção não estava em campo. Justin Bieber e
Beyoncé andavam longe daqui. No entanto, multidões de jovens, junto com
cidadãos de todas as idades, tiraram os fones do ouvido, saíram do Face,
meteram pé no asfalto e soltaram a voz ao vento.
Tivemos,
pela primeira vez em muitas décadas mobilização popular espontânea. Não
era “massa” e muito menos “de manobra”. Nada semelhante, tão autônomo,
tão sem patrocínio, ocorrera antes por aqui. Brasileiros saíram às ruas
esticando o cordel de insatisfações até então silenciosas. E elas
cobriam todo o vocabulário das mazelas políticas, institucionais e
morais do país. Desabituadas ao alvoroço popular, as instituições
titubearam, gaguejaram. Transpiraram frio nos decotes e nos brancos
colarinhos.
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