A
ala da sigla ligada ao deputado Luciano Bivar (PSL-PE), atual
presidente do partido, tem defendido que, tão logo Bolsonaro e seus
aliados deixem a legenda
THAIS
ARBEXBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Uma possível saída do presidente Jair
Bolsonaro do PSL abre portas para nomes que hoje já são considerados
adversários do bolsonarismo na eleição de 2022.
A
ala da sigla ligada ao deputado Luciano Bivar (PSL-PE), atual
presidente do partido, tem defendido que, tão logo Bolsonaro e seus
aliados deixem a legenda, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel,
seja incorporado ao PSL.
Hoje
no PSC de Pastor Everaldo, Witzel tem flertado com a candidatura ao
Planalto, e uma eventual migração para o PSL daria estofo a suas
pretensões presidenciais.
Até o fim de 2019, por exemplo, o PSL deve receber cerca de R$ 100 milhões a mais que o PSC do fundo partidário.
No
próximo ano, somando os fundos partidário e eleitoral, o PSL pode ter
em caixa R$ 350 milhões -o valor leva em conta as estimativas de R$ 1
bilhão para o fundo partidário e os R$ 2,5 bilhões propostos pelo
governo para o fundo eleitoral.
Caso
esse seja o cenário em 2020, o PSL ficará com a maior fatia de recursos
entre os 32 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Com
apenas nove deputados, o nanico PSC receberá cerca de R$ 60 milhões,
somando os dois fundos.Embora não tenha havido convite formal por
enquanto, o grupo de Bivar tem feito uma série de gestos a Witzel. Em
conversas recentes no Rio e em Brasília, deputados do PSL disseram ao
governador que, hoje, é ele “o sonho de consumo” do partido.
Aliados
de Witzel admitem que os acenos de integrantes do PSL têm sido
constantes. O governador, no entanto, tem repetido o discurso de que sua
missão é a de fortalecer o PSC em todo o país.
Políticos
que acompanharam a ascensão do ex-juiz ao Palácio Guanabara dizem que a
relação que Witzel construiu com Everaldo pode ser um empecilho a uma
eventual mudança de partido.
Parlamentares
do PSL disseram à reportagem que cortejos a Witzel têm acontecido há
algum tempo -antes de Bolsonaro escancarar a crise com a sigla- e que
nenhum gesto mais enfático foi feito até aqui porque o presidente e o
governador são tidos como rivais.
Na
quarta (9), por exemplo, Bolsonaro e Witzel se encontraram no
aniversário do ministro Augusto Nardes, do TCU (Tribunal de Contas da
União), em Brasília. Embora tenham se falado rapidamente e até posado
para fotos, o clima foi de constrangimento, segundo relatos feitos à
reportagem.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo nesta sexta (11), o presidente deixou a festa logo depois de o governador chegar.
O
racha com o clã Bolsonaro ficou explícito assim que Witzel escancarou
seu desejo de disputar a eleição ao Planalto em 2022. Desde então, o
governador do Rio passou a trabalhar para se descolar da imagem do
presidente, a quem apoiou em 2018.
No
fim de setembro, o PSL no Rio, sob o comando do senador Flávio
Bolsonaro, decidiu deixar, formalmente, a base da gestão Witzel.
O
filho do presidente chegou a determinar a saída do governo e a ameaçar
de expulsão os que permanecessem nos cargos. Diante da resistência de
deputados e de seus indicados, reviu a posição.
Flávio
teve de ceder e delegar aos filiados a decisão de manter ou não seus
indicados no governo. Atualmente, o PSL ocupa 40 postos na administração
estadual, incluindo duas secretarias.
Também
conforme publicou a Folha de S.Paulo, o governador vem se dedicando
pessoalmente à montagem de um palanque, com o objetivo de viabilizar seu
sonho de chegar à Presidência.
O
desgaste da relação de Bolsonaro com o PSL, comandado por Bivar, ficou
escancarado na terça (8), quando o presidente disse a um apoiador que o
deputado estava “queimado pra caramba”.
Bolsonaro
tem dito a aliados já ter tomado a decisão de deixar o partido. O
presidente busca, no entanto, uma saída jurídica para levar
parlamentares, evitar perdas de mandatos e ainda tentar manter o fundo
partidário.
Por Folhapress
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