O Banco do Brasil voltou a considerar a venda de ativos como
uma alternativa para reforçar o seu capital e postergar uma eventual
capitalização. Dentre as áreas que podem ter um novo sócio estão a de
cartões e a de administração de recursos de terceiros, conforme fonte.
O
banco ainda não teria, porém, batido o martelo quanto ao formato da
operação, se por meio de uma abertura de capital, como fez com seguros,
ou via joint venture, como almeja a Caixa Econômica Federal.
Desta
vez, contudo, a ideia do BB é vender uma fatia bem menor do que a da
oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da área de
seguros, de acordo com a fonte a par das negociações. Na mesa, estuda-se
algo entre 5% e no máximo 10%, segundo a mesma fonte. Quando abriu
capital, a BB Seguridade, que concentra os negócios de seguros,
previdência e capitalização do BB, vendeu 33,75% de suas ações.
“Do
contrário, você vende todo o seu fluxo de caixa futuro, o que vai
atrapalhar a geração de seus resultados. Todos os bancos têm diversas
áreas (que seriam atrativas para venda como forma de captar recursos)”,
diz um executivo.
A venda de ativos dos bancos públicos faz parte do que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, definiu ao Estadão Broadcast
como “plano B” para reforçar o caixa e entregar resultados melhores em
2017. Segundo ele, o governo tem mapeado privatizações, concessões,
outorgas, securitizações e ainda a venda de ações de empresas do
portfólio do braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, a BNDESPar.
Assim como o BB, a Caixa também tem uma estratégia de venda de ativos. O banco negocia a criação da joint venture
de loterias e de uma nova empresa para exploração de jogos online,
procura um parceiro para a área de cartões, além da abertura de capital
de sua operação de seguros, a Caixa Seguridade. Esses movimentos são
necessários para evitar um aporte do governo no ano que vem. Se nada
acontecer, o banco pode precisar de uma capitalização de 7 a 10 bilhões
de reais.
No
passado, o BB cogitou o IPO da sua área de cartões com a mesma
justificativa de quando abriu o capital da BB Seguridade: capturar o
valor do segmento nos papéis do banco. Chegou, inclusive, a separar o
resultado da área de cartões em seu balanço. Apesar de não avançar com o
IPO de cartões, o BB deixou aberta a possibilidade de negócios
diferenciados no segmento. Nesta linha, formou uma joint venture com a
Cielo, sua controlada ao lado do Bradesco, na área de gestão de cartões
que deu origem à Cateno. O BB trocou uma fatia do resultado do segmento
por receitas maiores que, sozinho, não conseguiria alcançar.
Na
área de administração de recursos de terceiros, a BB DTVM tem fatia de
mercado superior a 20% e, na década de 90, o BB chegou a fazer um estudo
para uma eventual parceria. O projeto, porém, não decolou. Uma fonte
diz que mais recentemente bancos de investimento têm assediado o BB com
sugestões nesta direção.
O
interesse tende a vir, sobretudo, de players internacionais que
estariam de olho no canal de distribuição do banco. Quem sempre cobiçou o
braço do BB foi a Principal Financial Group, que já controla a empresa
de previdência do BB, a Brasilprev. O interesse está, diz uma fonte, na
oportunidade de distribuir opções de investimentos à base de clientes do
banco. “O que mais vale no BB é a distribuição. Dá para fazer um bom
negócio”, afirma a fonte.
Resposta
Embora
fontes próximas ao banco garantam a informação, oficialmente o BB nega.
Por meio de nota, o vice-presidente de gestão financeira e relações com
investidores, José Maurício Pereira Coelho, afirmou que o banco não
cogita vender fatias nas duas áreas. O Principal Financial Group não deu
retorno o pedido de entrevista.
(Fonte: Estadão/Veja)
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