Segundo
José Soares, o isolamento, a pressão social, o teletrabalho, o medo, a
incerteza e a falta de referências são fatores que contribuem para o
fraco desenvolvimento cognitivo
O especialista
em fisiologia José Soares afirmou hoje que preparar o sono, fazer
exercício, ter momentos de relaxamento e alimentação equilibrada são
algumas das atividades que podem ajudar a gerir o ‘stress’ e pressão
causados pela pandemia da covid-19.Numa videoconferência para abordar o
impacto que a pandemia tem causado na população , especialmente ao nível
do ‘stress’ e ansiedade, José Soares, professor catedrático em
fisiologia da Universidade do Porto (Portugal), afirmou que “a aceitação
é fundamental”.
“Temos que
aceitar que estamos numa fase difícil, compreender o que estamos a
sentir e perceber que é normal”, salientou o fisiologista, tentando dar
resposta às dúvidas de alguns dos participantes.
“Como
lidar com a pressão?”, “Como gerir o ‘stress’ do dia-a-dia e a
rotina?”, “De que forma podemos impactar a nossa performance?”, foram
algumas das questões-chave da sessão.
Segundo
José Soares, o isolamento, a pressão social, o teletrabalho, o medo, a
incerteza e a falta de referências são fatores que contribuem para o
fraco desenvolvimento cognitivo e, consequentemente, deixam o “cérebro
confuso”.
“O
Homem é um ser de colaboração, não foi feito para estar isolado. Ao
longo deste tempo, nós deixamos de ter referências e o cérebro fica
muito confuso quando não tem referências”, defendeu.
Nesse
sentido, José Soares salientou quatro atividades fundamentais para
melhorar a função cognitiva daqueles que, por exemplo, estão em
teletrabalho: o exercício, a alimentação, o sono e o relaxamento.
No
que ao exercício concerne, o fisiologista defendeu a importância das
pessoas “se mexerem” ao longo do dia, uma vez que a atividade tem um
efeito imediato no cérebro e melhora a sua função cognitiva.
“‘Sit for 60, move for 3’sente-se por 60 minutos, mova-se por três minutos]”, foi o lema que recomendou.
Paralelamente,
defendeu a importância da alimentação e de “não cair na tentação” da
‘confort food’, de que são exemplo os bolos, chocolates e ‘fast food’.
De
acordo com o fisiologista, as perturbações do sono têm sido as razões
mais apontadas para a falta de concentração e exaustão das pessoas, por
isso, recomendou a “preparação do sono”, como por exemplo, através do
exercício, mas sem recorrer a dispositivos eletrônicos, uma vez que
“despertam o cérebro”.
Por
fim, José Soares salientou a necessidade de se fazerem “pausas ou
intervalos” durante o tempo de trabalho, algo que defendeu ter “um
impacto muito grande nas decisões”.
“Precisamos
de nos rir, porque temos como que uma nuvem que ocupa espaço e sem
querer, estamos a ser ‘bombardeados’ com isto [informação sobre a
pandemia], e subtilmente, estamos preocupados”, aconselhou.
A
videoconferência, dedicada ao tema “Promover o bem-estar mental e boas
performances em tempos da covid-19”, além da participação de José
Soares, contou com a moderação de Helena Canário, nutricionista na
Nestlé.
A
nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia
de covid-19 já provocou mais de 328 mil mortos e infectou mais de cinco
milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.
Em
Portugal, morreram 1.277 pessoas das 29.912 confirmadas como
infectadas, e há 6.452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral
da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois
de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o
continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados
(mais de 2,2 milhões contra cerca de dois milhões no continente
europeu), embora com menos mortes (mais de 133 mil contra mais de 169
mil).
Para
combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de
pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores
inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários
países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.
Por Notícias ao Minuto
Comentários
Postar um comentário