A fruticultura baiana está com a corda no pescoço. Mesmo antes de entrar em vigor, a possível taxação de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já vem assustando os produtores de frutas no estado, que temem prejuízos pesados.
A Bahia exporta uma boa parte de seus produtos para os EUA, e a fruticultura representa 8,1% dessas vendas. Só no primeiro semestre de 2025, as exportações baianas cresceram 8,3%, mas especialistas alertam: esse ritmo pode cair nos próximos meses. A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) calcula que o estado pode perder até R$ 1,8 bilhão — o que representa 0,38% do PIB baiano.
Os setores que mais mandam produtos para os EUA são celulose, papel, químicos, petroquímicos, borracha e metalurgia. Mas é o setor de frutas que mais preocupa. Isso porque frutas, ao contrário de outros produtos, não podem ser estocadas por muito tempo.
“Estamos muito preocupados. Não é algo fácil de resolver. Se isso não for contornado, quem vai pagar a conta é o povo, com inflação mais alta e menos empregos”, alertou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Pitanga, em conversa com jornalistas na segunda-feira (28).
Um dos maiores temores é com a exportação de mangas. A colheita da fruta começa agora, entre agosto e setembro, e a Bahia é responsável por enviar entre 50% e 60% das mangas que chegam aos Estados Unidos. Só em agosto, estão previstos cerca de 2.500 containers saindo do Vale do São Francisco — destino agora incerto.
“Não dá para esperar 60 ou 90 dias para resolver. A fruta já estragou, a colheita já passou. Precisamos de uma solução urgente. A fruticultura é o setor mais sensível”, completou Pitanga.
A expectativa agora é de que os governos encontrem uma saída antes que o prejuízo se torne realidade para milhares de produtores e trabalhadores do campo na Bahia.
(Foto: Jonas Santos / Abrafrutas)
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