O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação
(FUNDEB) representou um grande avanço para as políticas públicas de
educação em nosso país desde que entrou em vigor, ainda no mês de
janeiro de 2007. A sua instituição veio a substituir o antigo FUNDEF,
criado no governo de Fernando Henrique Cardoso mas que se destinava
somente ao ensino fundamental.
A chegada do FUNDEB, para além de
representar uma ampliação substancial de recursos para a educação
pública brasileira, que agora não se destinaria somente ao ensino
fundamental mas a toda educação básica, trouxe um enorme diferencial de
concepção política sobre a própria educação. A educação não pode ser
vista somente a partir de suas etapas educacionais, de forma isolada. O
sistema de educação de um país deve ser encarado de forma sistêmica. Daí
vem o grande avanço político que representou a instituição do FUNDEB:
políticas públicas para toda a educação básica, e não somente para
determinadas etapas em detrimento de outras.
Desde o golpe de 2016, no entanto, essa
concepção integrada de educação vem sendo sistematicamente atacada,
ferindo de morte a própria concepção fundadora do FUNDEB. Mas o pior não
é isso: esse fundo (FUNDEB), que à rigor não é um fundo só, mas um
conjunto de 27 fundos que distribui os recursos da educação em todos os
entes da Federação, expirará em dezembro de 2020.
É fundamental a sua renovação sob pena
de todo o sistema educacional brasileiro entrar em colapso. Criado com o
objetivo de dirimir as desigualdades regionais no campo da educação e
na aplicação de seus recursos nas redes de ensino, o fim do FUNDEB
representará um enorme impacto nas contas dos municípios, em especial os
mais pobres. Sabemos que desse atual governo federal não virá empenho
algum para qualquer propositura que renove o FUNDEB. Por isso, todas as
articulações das entidades educacionais do país, inclusive desta CNTE,
se voltam para o Congresso Nacional.
E é de lá que vem a esperança de um novo
FUNDEB, de caráter permanente e que aporte mais recursos para a área,
em especial o oriundo da União. Uma Proposta de Emenda à Constituição
(PEC), apresentada ainda no ano de 2015, vem mobilizando os
parlamentares e os principais atores educacionais do país. Sob a
relatoria da Deputada Professora Dorinha (DEM/TO), o substitutivo
apresentado ganhou a adesão de muitos segmentos sociais porque assimila
em sua formulação as principais demandas do setor: institui a sua
perenidade, transformando o FUNDEB em um fundo permanente no país, além
de indicar a maior participação da União no seu financiamento, saindo
dos atuais 10% que este ente aporta para, em uma transição cuidadosa,
chegar ao patamar de 40% vindo do governo federal.
A emergência para a aprovação do novo FUNDEB, no texto pactuado no
substitutivo apresentado pela professora Dorinha à PEC 15/2015, exige de
todos nós, educadoras e educadores do país, uma mobilização permanente
nessa reta final de ano. A CNTE aprovou, em sua reunião de direção
extraordinária realizada nesse mês de outubro, a total imersão de nossas
entidades filiadas nessa luta que se dará até a aprovação da Lei
Orçamentária Anual de 2020. Foi indicado o dia 27 de novembro como um
Dia Nacional de Mobilização pelo Novo FUNDEB. Até lá, nossas entidades
nos Estados e municípios devem se voltar para dentro de nossos locais de
trabalho e promover debates com a nossa categoria, explicando a todos
sobre a importância da aprovação desse projeto.Só o nosso empenho em mais essa luta garantirá a vitória de nossas pautas. O financiamento da educação pública brasileira não pode prescindir de tão importante mecanismo de redistribuição de recursos em nosso país. É fundamental que façamos os debates sobre esse tema em nossas cidades e em nossas escolas, de modo que, as pessoas esclarecidas sobre a importância do FUNDEB, assumam essa luta como uma demanda de toda a sociedade brasileira, para além do campo da educação.
- CNTE Informa
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