As fortes chuvas que atingem o estado de São Paulo desde a noite de sexta-feira (28) causaram deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos, deixaram cidades alagadas, rodovias interditadas e ao menos 19 mortos, sendo sete crianças.
Segundo o governo do estado e prefeituras, desde sexta foram registradas cinco mortes em Várzea Paulista (54 km de SP), quatro em Francisco Morato, quatro em Franco da Rocha, três em Embu das Artes, uma em Arujá (todas na Grande São Paulo), uma em Jaú (287 km de SP) e uma em Ribeirão Preto (313 km de SP).
Em Várzea Paulista, cinco pessoas de uma
mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por um
deslizamento de terra, por volta das 8h deste domingo (30). Segundo a
prefeitura, as vítimas são um homem de 41 anos, a esposa, de 30, e os
três filhos do casal – um menino de 12 anos e duas meninas, de 10 e 1
ano.
Em Embu das Artes, um deslizamento de
terra deixou três mortos na madrugada deste domingo. Segundo o Corpo de
Bombeiros, as vítimas foram uma mulher de 45 anos e seus dois filhos -um
homem de 21 anos e uma menina de 4.
Antes da chegada dos bombeiros ao local do
deslizamento, outras quatro pessoas já haviam sido retiradas dos
escombros pela população local. Todos residiam na mesma residência,
localizada na rua Jatobá.
Em nota, a Prefeitura de Embu das Artes
afirmou que o acidente atingiu duas casas -uma delas estava vazia e a
outra onde estavam as vítimas. A prefeitura também diz que “foram
interditadas 16 casas, mas algumas famílias insistem em retornar ao
local de risco”.
Em Francisco Morato, três crianças e um adulto morreram em dois soterramentos nos bairros Jardim Arpoador e Recanto Feliz.
FRANCO DA ROCHA
Já em Franco da Rocha, apesar de a Defesa
Civil estadual confirmar três mortes, a prefeitura afirmou que três
pessoas foram resgatadas sem vida de um deslizamento na rua São Carlos e
uma quarta vítima morreu no hospital.
Segundo o governador João Doria (PSDB), que sobrevoou a região, até as 16h havia quatro desaparecidos em Franco da Rocha. “A Defesa Civil ficará aqui o tempo que for necessário até que todos sejam resgatados”, afirmou o tucano, em entrevista coletiva.
A cidade, que decretou situação de emergência, registrou diversos pontos de deslizamento de terra. Moradores registraram em vídeo o momento em que uma encosta cede e a força da lama arrasta árvores. Segundo a prefeitura, três casas foram atingidas.
Segundo a prefeitura, os rios Juquery e o Ribeirão Eusébio transbordaram e os dois lados da cidade estão inundados. Nas últimas 12 horas, choveu 115 mm na cidade.
A represa Paiva Castro atingiu 71,2% de
sua capacidade no meio da tarde deste domingo e provocou “alerta
máximo”, segundo a prefeitura, que junto com a Sabesp está fazendo o
bombeamento da água e manobras para evitar abertura de comportas.
Questionada sobre os riscos, a companhia não respondeu até a publicação
desta reportagem.
Os deslizamentos fizeram com que o
estudante Felipe Lima, 31, anos se juntasse a um grupo de voluntários
que se reuniram para ajudar as vítimas das enchentes na cidade. O grupo
recebe doações, mobiliza pessoas por meio das redes sociais e realiza
atendimentos médicos com profissionais da saúde que se disponibilizam a
atender as vítimas gratuitamente.
Lima vive
próximo ao local dos deslizamentos e viu amigos e conhecidos perderem
suas casas. “São pessoas que convivem conosco no futebol, no posto de
saúde, no supermercado, não são pessoas desconhecidas. Então isso
termina machucando muito a gente, é como se fosse um parente nosso”, diz
o estudante.
O professor de artes James da Silva
Barros, 22, ficou ilhado em sua residência. Apesar dos planos para o
domingo, Barros não tinha como sair de seu bairro pois todas as ruas
estavam tomadas pela água. Por morar em uma região alta de Franco da
Rocha, sua casa não foi atingida.
“A gente não consegue sair do bairro praticamente, está tudo alagado. A única saída que temos para chegar na estação [de trem] de Franco está horrível de alagada. Sem contar que estamos sem energia”, afirmou.
A chuva ainda provocou a interdição da linha 7-rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) neste domingo. Os trens não circulam entre as estações Caieiras e Francisco Morato. A empresa precisou acionar o sistema Paese para atender passageiros com ônibus gratuitos.
A rodovia Anhanguera, principal ligação entre a capital e o interior do estado, chegou a ser totalmente interditada no km 30, em Cajamar, na Grande SP. A liberação da última pista ocorreu às 15h22, segundo a concessionária CCR AutoBan.
Segundo o governo do estado, serão liberados R$ 15 milhões para dez municípios mais prejudicados pelas chuvas.
“Os recursos anunciados serão destinados
aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2 milhões),
Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhões), na Região
Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo
Limpo Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão),
Montemor (R$ 1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado”,
diz tercho de nota enviada pela gestão estadual.
INTERIOR
Algumas cidades do interior de São Paulo
também contabilizam os estragos causados pelas chuvas. A cidade de
Capivari (137 km de SP) decretou estado de emergência após o rio
Capivari extravasar e inundar as ruas. Segundo a prefeitura, às 14h de
domingo o rio atingiu o nível de 3,44 metros -o transbordamento ocorre a
partir da marca de 2 metros.
Segundo o balanço oficial, 23 famílias
ficaram desabrigadas. Outras 30 famílias precisaram deixar suas casas em
razão dos alagamentos.
Já a Prefeitura de Piracicaba (160 km de
SP) informou que o rio Piracicaba em estado de emergência. Às 12h10, o
nível do rio era de 4,36 metros. O limite antes de transbordar é de 4,70
metros.
A Rodovia Raposo Tavares também chegou a ser totalmente interditada no km 631 em Presidente Cauiá por causa do rompimento de uma barragem, segundo a Polícia Militar Rodoviária.
Por Folhapress
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