Em clima de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve
visitar no mês que vem Estados do Nordeste, segundo maior colégio
eleitoral do País. Reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), é a região na qual o atual presidente, é a região na qual o atual
presidente enfrenta maiores índices de rejeição.
Em conversa com apoiadores, o chefe do Executivo sinalizou que
viajará em fevereiro à Paraíba e ao Ceará, berço político do
ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto e,
assim como Lula, também rival de Bolsonaro na eleição presidencial de
2022.
Desde que recebeu alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo,
onde ficou internado com um quadro de obstrução intestinal no começo de
janeiro, o presidente tem feito acenos às suas principais bases
eleitorais e reciclado ataques contra as instituições. Pressionado pelo
efeito eleitoral da alta da inflação, também voltou a criticar a
cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
nos Estados, considerado por ele como o “vilão” do preço dos
combustíveis no País.
Agora, Bolsonaro mira em um público que costuma votar no PT e,
principalmente, em Lula: a população mais pobre do Nordeste. Como trunfo
para conquistar esse eleitor, o presidente tem o Auxílio Brasil de R$
400, que substituiu o programa de transferência de renda Bolsa Família,
dos governos petistas. “Vou estar no mês que vem na Paraíba e acho que
Ceará também”, disse o chefe do Executivo a apoiadores no cercadinho do
Palácio da Alvorada.
Em seis de janeiro, um dia após sair do hospital, Bolsonaro concedeu
uma entrevista à TV Nova Nordeste, elogiou a região e citou obras
locais. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 14 de dezembro,
Bolsonaro alcança 67% de rejeição no Nordeste acima dos 60% no Brasil
como um todo. Em 2018, o presidente perdeu na região para o então
candidato do PT, Fernando Haddad.
AGENDA
Na semana seguinte à alta hospitalar, em tentativa de recuperar
popularidade, Bolsonaro reservou sua agenda para entrevistas – a maioria
a órgãos de imprensa alinhada ao governo – participação em culto
evangélico e a presença em partida de futebol organizada por cantores
sertanejos. A nova postura do presidente ocorreu ao mesmo tempo em que
ele estava enfrentando dificuldades para se defender de críticas nas
redes sociais, seu principal canal de contato público.
De 6 a 13 de janeiro, Bolsonaro voltou a criticar os ministros Luís
Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, seus alvos prediletos no Supremo
Tribunal Federal (STF), escalou o conflito com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) em torno da vacinação infantil contra a
covid-19 e usou a inflação de 10,67% de 2015, no governo da petista
Dilma Rousseff, para justificar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) de 10,06% em 2021
Críticas a adversários
Hoje, Bolsonaro também fez uma crítica velada ao ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência da República.
“Depois da saída de um cara que estava na Justiça, não vou falar o nome
dele aqui, eu acho que quintuplicou a apreensão de drogas”, afirmou a
apoiadores.
Em 10 de janeiro, o Bolsonaro já havia criticado o ex-juiz da Lava
Jato. Em entrevista exibida naquele dia pela rádio Jovem Pan, questionou
se Moro entrou no governo em 2019 com o objetivo de se preparar para
concorrer a presidente. “Ele foi no meu governo para fazer um trabalho
sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato à
Presidência da República? Têm três alternativas. Não deu certo, tirei
ele fora, tinha que tirar”, declarou.
Sobre Lula, Bolsonaro tem dito que o petista quase “quebrou” a
Petrobras e pode voltar à “cena do crime” junto com o ex-governador
Geraldo Alckmin (sem partido), que negocia uma aliança para ser vice na
chapa do PT..
“Muitos de vocês, a maioria de vocês que trabalham comigo poderiam
estar muito bem fora (na iniciativa privada), mas estão aqui dando a sua
cota de sacrifício, ajudando esse Brasil aqui a realmente, vencer essa
crise aqui, que se encontra no momento, e fazer também com que não volte
para as mãos de bandidos, canalhas, que ocupavam esse espaço aqui para
assaltar o País para um projeto de poder”, declarou Bolsonaro, durante o
lançamento de linhas de crédito para o setor de Aquicultura e Pesca no
Palácio do Planalto, em 12 de janeiro.
Pesquisa
Na pesquisa Ipespe mais recente, Lula obteve 44% das intenções de voto
para o primeiro turno da eleição. Bolsonaro veio em segundo lugar, com
24%. Moro figurou em terceiro, com 9%, e Ciro em quarto, com 7%.
Na simulação de segundo turno, Lula teria 56% dos votos totais e
Bolsonaro, 31%. Em um cenário com Moro e Bolsonaro no segundo turno, o
ex-ministro teria 36% e o presidente, 29%..
Por Carta Capital
Comentários
Postar um comentário