Na semana em que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi
preso acusado de comandar um esquema de arrecadação de propina que
desviou mais de 220 milhões de reais de contratos públicos do estado,
notas de dinheiro começaram a aparecer boiando, no mar da Urca, na
capital fluminense. Um semana depois, a Polícia Federal
divulga gravações de conversas de parentes do ex-governado que indicam
destruição de provas do esquema de corrupção. "Lembra
que falei que o Rodrigo estava na casa dele semana passada? Ele falou:
fui levar uns negócios que ele pediu, mas depois mandou que levasse de
volta, que não era pra ficar nada lá", diz trecho da conversa entre
Fanny Maia - tia de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral -, e o
marido dela, Ricardo Maia. As informações foram
mais do que suficientes para levar os moradores da cidade a uma simples
conclusão: “É a maior lavagem de dinheiro de todos os tempos”, brincam
os pescadores, acreditando que os amigos de Sérgio Cabral teriam dado um
jeitinho nada convencional para se livrar do dinheiro ilícito. A
quantidade de notas é tanta que a Polícia Civil começou a fazer
diligências para investigar a origem do dinheiro. Enquanto isso,
pescadores e mergulhadores não perdem tempo e, ao mesmo tempo em que
comentam acreditar que o dinheiro foi jogado dos iates ancorados no
clube ao lado, seguem com a caça ao "tesouro". O
oceanógrafo David Zee é um deles. "Existem várias fontes de lançamento, a
murada ou as embarcações. Esse dinheiro não foi perdido sem querer. Do
esgoto, não veio, estaria embolado. Isso foi um grande pacotão de
dinheiro lançado no fundo do mar e que aos poucos começou a se
desmanchar nas águas", analisa, reforçando a chance de alguém perder
tanto dinheiro e não reclamar é nula. Roberto
Pereira, de 42 anos, disse ao Extra ter encontrado mais de R$ 40 mil.
"Eram quatro pacotes de R$ 10 mil. Tinha muita nota rasgada boiando
também", conta ele, mostrando a reforma que fez no seu barco, graças ao
dinheiro que achou. "Consegui pegar R$ 1,9 mil.
Fui no banco e as notas são verdadeiras. Algumas estavam presas com
elástico e com marcas de grampo", comemorou o também pescador Magno
Felipe Pereira, de 23 anos. Apelidada de “Píer do
Cabral”, a ponte em cima do Quadrado da Urca vive lotada de curiosos.
Alguns até se arriscam a entrar no mar. "Vai ajudar nas compras de fim
de ano", planejava a “caçadora do tesouro Érica Dionísio, de 23 anos.
(BN)
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