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Equipe do CORREIO flagra morte de comerciante eletrocutado após cair sobre fios

Gerador explode e ambulante que estava próximo corre, mas tropeça na corda da própria barraca e cai sobre o fio. Ele recebeu uma descarga de 11.400 volts 

Era ambulante, pai de dois filhos, religioso e casado, mas antes de tudo era um ser humano. A sensação de vê-lo morrer ali e não poder fazer nada, absolutamente nada, me matava por dentro. Foram dez minutos de aflição. Ainda assim, mesmo sabendo que não poderíamos ajudá-lo, o desejo de puxá-lo dali atormentava a minha mente e a do fotógrafo Evandro Veiga. Era uma vontade insana, porém motivada pela sensação de impotência. Quando vi o ambulante arrastar-se no chão por centímetros, para mim, apesar de remota, era um fio de esperança de um homem que agonizava sobre uma descarga elétrica de 11.400 volts.


O ambulante Nelson Santana de Souza, 41 anos, morava com a mulher, Rosimeire dos Santos, 35, e os dois filhos, no `Loteamento Vila Pedrita,  em Itinga, Lauro de Freitas. Ele acordava todos os dias à 1h para preparar os lanches que venderia em sua barraquinha na Estrada do Coco. Às 5h, deixava Rosimeire em frente ao Shopping Litoral Norte, onde também vendia doces e salgados. Em seguida, Nelson voltava em casa, pegava mais coxinhas, pastéis, pãezinhos, bolos e seguia para o Shopping Passeio Norte, onde às 7h fazia da moto uma barraca itinerante. Às 20h, era a hora de desmontar e ir para casa. Apesar da vida sofrida, Nelson juntava  dinheiro para um objetivo: comprar um carro para facilitar o trabalho. Nelson e Rosimeire frequentavam a Igreja Universal no bairro.

Em mais um dia de batente, por volta das 8h30, Nelson atendeu à ligação de Rosimeire. Como de costume, ela queria saber se ele havia chegado bem. Após trocar palavras de carinho, o casal de despediu. Rosimeire orgulhava-se da luta do marido, que conheceu há 9 anos vendendo lanches em Itinga. Natural de Elísio Medrado, a 240 km de Salvador, Nelson planejava no fim do ano ver os parentes. Para isso, além de separar o dinheiro para o carro, juntava economias de bicos. Quando havia alguma festa na região, lá estava ele e só saía do local após vender tudo.

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